Palavras sábias da mamãe (Só que não)

Dicas Terapêuticas

Se você já assistiu mais de uma palestra minha, é muito provável que já tenha ouvido eu falar sobre a minha mãe, inclusive agradecer por ter sido a mulher que foi. Porém nem todas as palavras da minha mãe contribuíram para eu ter uma vida boa e apesar de acreditar que ela não teve nenhuma intenção negativa, com certeza algumas vezes ela orientou a minha mente inconsciente e isso contribuiu de alguma forma para a construção de algumas crenças.

Quando falo assim abertamente sobre as programações dos nossos pais, jamais é para denegri-los, ok? Mas para informar a sua mente sábia que não precisa carregar para sempre tudo o que aprendeu como verdade absoluta, pois algumas destas verdades já mudaram e outras nunca foram verdade mesmo, por mais inocentes que pudessem parecer podem nos afetar.

Outro dia uma cliente de 56 anos, me contava que até aos dias de hoje ela lembra da voz da sua mãe dizendo que nenhum homem prestava e falava isso olhando em seus olhos. Depois dos seus longos discursos, ela finalizava com a frase “Inclusive o seu pai e o meu pai” e segundo esta cliente, ela ouviu tanto esta frase que perdeu a conta. Para piorar, ela tem uma lembrança da mãe dizendo “cuidado com os homens” pouco antes de morrer.

O facto é que ela deve ter tido todos os motivos e mais alguns para falar desta maneira dos homens e não estou a questioná-la, mas a maneira como ela implantou isso na mente da filha dela é que foi forte demais e hoje a filha de 56 anos, solteira só quer ser feliz e não sabe por onde começar, já que nunca beijou um homem.

É mais comum do que você possa pensar programações vindas dos nossos pais que até hoje de alguma maneira se refletem em nossa vida. Se prestar atenção vai logo encontrá-las e perceberá padrões que hoje, muitos anos depois, se repetem exatamente como a sua mãe dizia ou como lembra dela fazer!

A minha mãe me acordou inúmeras vezes, me dizendo “Acorda! Passarinho que não deve nada para ninguém, já está acordado há muito tempo cantando”. Depois cresci com a minha mãe gastando sempre muito mais do que podia pagar e sempre em meio a dívidas. Quando cresci me tornei um especialista em quê? Claro! Em me endividar…. Gastava mais do que ganhava e demorei anos para compreender porque agia daquela maneira e conscientemente percebi que fui “educado” daquela forma, mesmo de maneira indireta.

É brutal, como podemos alterar alguns comportamentos, quando compreendemos o seu mecanismo! Pode ser que demore mais ou seja mais óbvio e dependendo do seu mergulho no assunto, a sua mente logo começa a ligar os pontos e no final nos sentimos tolos por não termos feito isso antes. É mesmo engraçado, pois vivemos tão ocupados ou distraídos que nem nos damos conta que temos em muitas partes dentro de nós os ensinamentos da mamãe, do papai e daqueles que elegemos como educadores.

Outra máxima é quando lembro da minha professora de geografia. Ela ria pra mim e dizia que eu não sabia escrever, que jamais conseguiria fazer um bom trabalho e durante muitos anos, me sentia mesmo bloqueado para escrever, tinha imensa dificuldades de colocar no papel aquilo que vinha na minha mente. E hoje? Nem preciso comentar, né? Mesmo algumas pessoas criticando a maneira como escrevo, eu hoje escrevo todos os dias e amo deixar fluir… Porém isso só se tornou possível depois que eu compreendi.

E se você iniciasse uma viagem mesmo à sua infância e lembrasse de coisas que a sua mãe te dizia, quantas destas coisas, sinceramente definiriam as suas atitudes no momento presente? Quantas delas ditas diretamente a você ou mesmo observadas através de seus comportamentos?

A minha mãe foi uma guerreira, criou 3 filhos praticamente sozinha e aguentando um homem alcoólatra (Meu Padrasto) que nos deu sim, momentos bons, mas deixou marcas também na minha infância, principalmente na dos meus irmãos e cresci acreditando que trabalhar muito era o ideal. Pode achar que tudo isso é mesmo bom, mas com o tempo percebemos que quando fazemos muito uma coisa, significa que estamos deixando outras de lado e isso não é nada bom.

Apesar de ser um assunto muito pessoal e complexo demorei muitos anos para perceber que a vida não era composta apenas de trabalho e trabalho e a seguir um pouco mais de trabalho. É claro que de alguma maneira isso criou lacunas em outras áreas da minha vida que até hoje venho concertando, como a relação com os meus filhos. A culpa é toda da minha mãe? Claro que não e jamais a culpei, mas cresci vendo-a fazer exatamente a mesma coisa e até há pouco tempo ainda ela estava lá agitada querendo fazer 10 coisas diferentes para colocar mais um pouco de dinheiro em casa.

Não quero dramatizar a minha vida (Longe disso) e nem quero que você dramatize a sua (Por favor), mas que vale a penas mergulhar um pouco nestes comportamentos, palavras, sons, ahhh isso vale, pois às vezes basta compreendermos um padrão para conseguirmos interrompê-lo. Algumas vezes junto com meus clientes, descobrimos um detalhe tão pequeno e simples, porém quando mudamos aquele padrão, tantas coisas mudam que parece mais que resolvemos um daquelas enigmas de Sherlock Holmes.

Juro que não sei porque as pessoas têm a ideia de que as suas vidas têm falhas. Grandes factos aconteceram e as levaram a ter a atitude que tiveram. Às vezes nem é tão grande assim, mas a necessidade de algumas pessoas faz com que o facto se torne num daqueles filmes campeões de bilheteria, enquanto na verdade nem filme foi, muito perto um roteiro amador sem muita importância, mas o suficiente para criar uma marca. Entender o que houve e diminuir o grau de importância para o grau real, pode mesmo mudar completamente tudo.

É apenas uma dica terapêutica e para alguns será uma revelação e tanto, mas que ajudará a compreender tantas coisas e que depois disso muitas feridas internas irão se curar e padrões serão MESMO abandonados. Para outras pessoas, será apenas um texto com quase 10.000 palavras.

Seja como for, tem aqui algo que pode somar no seu processo de evolução e se quiser contar abaixo nos comentários, sobre os seus padrões como eu fiz, fique à vontade. Eu adoro ler os comentários e também pode partilhar “se” fizer sentindo ajudar outras pessoas a encontrarem respostas.

Até amanhã!