Não quero te agradar

Nº51| Para Refletir | Eric Pereira

Nos últimos dias tenho recebidos algumas mensagens de pessoas dizendo que estou “exagerando” em meus textos e estão ficando muito longos e é verdade, estão mesmo ficando longos, porém estas 8 mensagens que recebi se referindo aos meus longos textos, me ajudaram a criar este. Rss!

Antes de mergulhar no tema “não quero te agradar”, quero dizer que estas mensagens me fizeram pensar um pouco e sinceramente peço desculpas pela minha frontalidade, mas acho que as pessoas que dizem isso não gostam é de ler, porque os livros (por exemplo), não são compostos por poucas páginas! E às vezes é difícil transmitir uma mensagem em poucas palavras. Ops! Peraí, deixa eu corrigir isso – É até possível transmitir uma mensagem em apenas uma frase (pronto ficou melhor), porém eu, Eric Pereira, tenho um estilo de escrita e gosto imenso de ser minucioso, de apresentar casos, de trazer exemplos, de classificar soluções em 1º,2º e 3º passo e sempre acreditei que desta maneira, transmitindo de maneira minuciosa, contando parte da minha história de vida nos artigos, ilustro melhor o tema e a minha verdadeira intenção aqui é fazer você refletir. Não apenas pensar, mas fazer uma reflexão mais profunda.

Bom, de qualquer forma isso sempre acontece e isso me ajuda imenso, pois é graças as estas críticas (construtivas) que percebo que um dos erros que jamais podemos cometer é o de agradar todas as pessoas e infelizmente muitas pessoas sofrem deste mal, então é provável que este artigo seja longo, mas quero ajudá-lo a compreender porque deve fazer a sua parte e esquecer o “agradar” todos.

Jesus Cristo foi um homem incrível, como Buda e outras figuras que fizeram muito por este planeta, porém não existe uma história que possa estudar onde estas figuras poderosas e iluminadas tenham tido a aprovação de 100% das pessoas. Sempre teve alguém que não concordava com suas ideias e sinceramente acho isso muito saudável, então não vou querer (EU) um pobre mortal ter 100% de aprovação, né? Rssss.

Durante muito tempo e penso que principalmente no início da minha carreira, eu quis ter aprovação de todos os meus professores, mentores, familiares e amigos e lembro de não dormir de noite quando recebia uma crítica e principalmente quando era dura e me feria. É claro que não tinha muita experiência e demorou anos para eu compreender que ninguém consegue agradar a todos, porém o que demorei mais ainda para compreender é que a questão aqui nem era “não agradar” todas as pessoas e sim trabalhar para não agradar nenhuma. Rsss

Eu não sou dono de nenhuma verdade, não sou um “iluminado”, muito menos um destes “Gurus” do desenvolvimento pessoal, mas acredito que podemos sim fazer muitas coisas que tragam o bem para as pessoas e até para a humanidade, mas se fizermos sempre pensando que devemos agradar, corremos sempre o risco de decepcionar as pessoas e com isso nos decepcionarmos, nos ferirmos e esta gangorra de altos e baixos faz um mal que nem imagina.

Trabalharmos para darmos o melhor de nós é diferente de trabalharmos para darmos o melhor que a outra pessoa precisa, pois cada pessoa precisa de algo muito específico, então se eu quiser (por exemplo) escrever para todos os públicos jamais serei fiel à minha escrita, à minha maneira de ser, compreende isso?

Quero muito que você leitor, compreenda que não conseguirá agradar todas as pessoas e se pensar bem, nem precisa agradar nenhuma. O que precisa é fazer a sua parte, sem se colocar na obrigação de entregar o que o outro precisa. Não é a sua função, ser um agradador, então nem tente, pois, vai se dar mal e vai se tornar com o tempo um colecionador de frustrações e isso não é nada bom.

O Francês, Michel de Montaigne, filósofo e escritor dizia: “Um homem precisa de ouvidos fortes para ouvir o que se diz sobre ele, quando é julgado com liberdade”.

As pessoas sempre vão falar sobre mim, sobre você, sobre o outro e vão inclusive falar do outro para você e de você para o outro! Rss e é de extrema importância que consiga “blindar” a sua mente para ouvir as críticas e não “se” criticar com elas pois todos são livres para dizer o que querem “e” como querem e se ouvir e compreender, tudo fica bem, se ouvir e se machucar, se tornará prisioneiro das palavras que chegam até você.

Perdi a conta do número de pessoas que já atendi que independente da queixa emocional que traziam, sentiam-se culpadas porque tinham como foco a opinião das pessoas, algumas de todas as pessoas, outras apenas de profissionais que admiravam e muitas de opiniões de familiares que supostamente tinham melhores resultados que elas.

Eu tinha um “amigo” no Brasil, éramos muito apegados e dividíamos muitas informações e com o tempo nos tornamos muito amigos mesmo, ambos éramos da hipnose e isso nos aproximou, porém com o tempo percebi que eu me preocupava imenso com a opinião dele e por isso tentava “agradá-lo” quase que em tempo integral, mudava até a minha maneira de ser para que ele ficasse mais feliz e minha maneira de atender, para que ele me aprovasse. E aqui mora um dos problemas dos agradadores, eles acreditam que precisam de uma espécie de aprovação para conseguirem avançar.

Demorei muito tempo para perceber isso, inclusive o quanto eu me sabotei e me prejudiquei para que ele tivesse sucesso “ou” parecesse que ele era uma pessoa melhor, até o dia que percebi que aquela era uma amizade de um único amigo (EU) e rompemos e nunca mais nos falamos. 6 anos depois, eu sei que aquela “busca” por aprovação e o rompimento foi das melhores coisas que me aconteceram pois aprendi imenso com tudo isso. Imenso!

Às vezes entramos em um transe quase que eterno e vamos fazendo “no início porque parece ser a coisa certa e depois continuamos a repetir e sermos agradadores, pela pobre recompensa que recebemos. Perceba que quando você consegue agradar alguém, você recebe algo por isso e hoje enxergo esta “recompensa” como quase uma esmola, mas na hora parece ser suficiente e NÃO É! Por isso agradamos de novo e de novo e queremos sempre nos manter neste ciclo, para conseguirmos receber estas esmolas que nos fazem bem e pode parecer (idiota) tal comentário, mas é tão real….

Atendi um cliente há uns meses atrás no meu Instituto do Funchal, onde tinha diante de mim um psicólogo incrível (ele me autorizou a falar sobre), porém sabe porque ele não estava melhor na sua carreira? Porque a sua esposa também era psicóloga e tinha muito medo de a magoar, precisava agradá-la em tempo integral, então ele ir em uma formação e ela não era para ele quase “cometer um crime” e isso é mesmo um verdadeiro absurdo! Ele não fazia a maioria das coisas porque se fizesse interrompia a ideia de agradá-la e ouvi deles frases como: “Mas aí ela pode não gostar”, “desta maneira vou estar magoando ela” e nem ele com todo seu talento estava enxergando o que estava fazendo com sua vida em prol de não magoá-la, enquanto na verdade não estaria magoando “e” se isso fosse real, sinceramente teríamos que avaliar a relação, pois algo não estaria bem.

Não posso agradar a Paula em tempo integral e me anular. Por favor, né?! Amo-a e já demostro isso de maneira natural e tudo que for fora da normalidade é com absoluta certeza uma “falha” no processo que merece uma atenção especial, pois se continuar a tendência é piorar e chegará um momento que não conseguiremos resolver.

Podemos e fazemos imensas coisas juntos, mas tem coisas que precisam ser individuais e não podem “ferir” uma relação, pense bem sobre isso, pense bem sobre o processo de ser um agradador e por favor, não confunda as coisas, pois às vezes quando trabalho fundo isso, algumas pessoas me dizem que estão sendo “egoístas” e acredite, que não ser um agradador não tem nenhuma relação com egoísmo, pois podemos agradar pessoas e isso é um movimento natural, mas não prioritário e nem obsessivo.

Para finalizar este, quero trazer duas situações que vão iluminar ainda mais a ideia de nãos sermos agradadores. Esta semana tenho ajudado mais em casa! Tenho diariamente feito almoço e jantar e cuidado da louça e a Paula me disse umas duas vezes: “Você está que está ehhh…”(Jeito dela falar) e penso que de alguma forma posso ter agradado ela e a minha intenção nunca foi despertar nela um sentimento de gratidão, mas despertar em mim um senso de colaboração maior. Rss. Olha que coisa interessante.

Ambos trabalhamos muito mais em casa do que fora e criamos, escrevemos e gravamos e não é justo que ela tenha todas as tarefas de casa e eu não, né? Então decidi colaborar e minha ação pode ou não agradar, mas não tem nada a ver com agradar intencionalmente ou receber algo em troca. Agora já tenho outras ações, como levá-la para jantar em um restaurante específico que ela gosta ou irmos em um tablado de Flamenco que ambos gostamos em Madrid (e vamos frequentemente) e nestes casos quero mesmo agradá-la, pois acho que ela merece e ponto! Mas não espero que ela retribua da mesma forma, apenas faço por ela, por mim “e” principalmente por nós e ela tem atitudes semelhantes e o final todos ficamos felizes.

Enfim, não seja um agradador profissional, não espere que as pessoas te recompensem por aquilo que você faz. Pode continuar fazendo e sinceramente até acho que pode sim e talvez até deva continuar com suas boas e incríveis ações, mas faça por você, faça por que acredita que pode, porque tem isso dentro da sua missão, porque sente-se bem, mas jamaissssssss porque precisa a qualquer custo agradar!

Espero que tenha sido útil, pode ser que não lhe tenha agradado hoje, mas garanto que não foi a minha intenção agradar! Rsss. Eu compartilho a informação que tenho e cabe a você fazer o que achar melhor com ela. Peço que compartilhe e a maioria das pessoas não compartilha e para mim (também) está tudo certo, pois também cabe a cada uma achar se é válido ou não espalhar a mensagem.

Até a próxima,