Limpe a janela da mente! – 196/365

Ontem eu vinha no avião de Madrid para Lisboa mergulhado em um pensamento! Às vezes a janela da nossa mente não está tão visível, tão limpa que enxergamos pelas frestas e já acostumados com a ajuda da nossa mente em fazer associações, vamos “vendo” o que queremos ver e a mente vai construindo o que queremos que seja construído, porém chega um determinado momento que decidimos limpá-la ao ponto de ficar tão limpa que enxergamos o cenário total.

Eu tive um professor de hipnose no Brasil que me dizia que era muito mais fácil vermos como queremos do que vermos o que realmente temos que ver! Isso também me lembra a minha mãe quando dizia: “Coloque os dois pés no chão e não pare de andar que a vida não pára!” e depois de limpamos a janela, começamos a ver tantas coisas que “antes” não víamos (ou) não queríamos mesmo ver, pois é muito mais fácil vivermos no embalo do que pararmos para enxergar algumas realidades.

Na dica terapêutica de hoje o meu convite é que abra os seus olhos e comece a observar se está realmente vivendo a vida, se está fingindo que está vivendo ou se diariamente luta para sobreviver e quando estamos no automático da vida, muitas vezes não percebemos a diferença, apenas vamos vivendo, fazendo e colhendo e uns reclamando em tempo integral, outros se estressam na maioria do tempo e há aqueles que evoluem conscientemente e percebem o seu processo de transformação.

Gosto de pensar que nascemos com a janela na mente limpinha e brilhando e aos poucos vamos sujando-a com tantas crenças impostas e limitações que nos são ensinadas desde muito pequenos. Os “não pode isso”, “não pode aquilo”, “cuidado, é perigoso” e tantas outras que vão aos poucos sujando a nossa janela e vamos ser sinceros, ok? Quem gosta de sentir dor? Quem aqui gosta de “enfrentar” os medos? Vamos sendo educados a contornar as situações, a nos afastarmos, a irmos por outros caminhos se for necessário, mas para quê enfrentar aquilo que “parece” mais poderoso do que nós?

Penso que é neste momento que ganhamos o que chamo de “dores invisíveis” e à medida que vamos escolhendo por medo e não por amor, que vamos escolhendo por pressão, vamo-nos tornando reféns da vida e aos poucos deixamos de “enxergar” e começamos a ver apenas pelas frestas da janela e como eu disse, a mente vai nos conduzindo, nos guiando e nós? Ahh, nós vamos confiando, às vezes por falta de opção, às vezes por estarmos cegos pelo que queremos obter.

Interessante é que enquanto vamos nos esforçando para “enxergar”, enquanto vamos (co-criando) a vida, ela vai passando e você vai com ela, mesmo sem saber para onde e nos poucos momentos de lucidez, percebe que perdeu algo aqui, deixou algo ali e busca na sua memória aqueles momentos em que realmente era feliz e nem sabia.

Talvez e só talvez possa estar achando isso tudo muito triste e talvez esteja certo em sentir-se assim, pois neste momento sentado aqui na sala do meu aptº eu estou, em escrever sobre o “não enxergarmos” e estou porque olho pela vida dos meus clientes com janelas sujas, às vezes muito sujas e olho também para a minha janela e percebo claramente muitas coisas que não estava vendo e este final de semana eu decidi limpá-la, mais do que qualquer outro dia e me sujei, cansei e limpei.

Olhar por ela sem aquela sujeira toda me faz ver muitas coisas que antes não via e sinceramente se fizer o mesmo perceberá que a vida é muito mais do que um dia imaginou. A vida é tão linda, tão bela, tão encantadora e tão cheia de oportunidades que só podemos agradecer e nos esforçarmos para aproveitar as inúmeras oportunidades que vêm até nós todos os dias. E se por algum motivo, estiver se perguntando neste momento “que oportunidades?”, limpe a sua janela e permita-se enxergar verdadeiramente.

Olhe com atenção e não me canso de falar que se olhar com muita atenção para a sua vida, logo verá que tem mais motivos para agradecer, do que reclamar! Aliás se olhar muito bem, nem tem motivos para reclamar e nem deveria estar reclamando! Nunca, jamais, em hipótese alguma. Porém, este é um processo que deve descobrir sozinho, pois a gratidão é uma poderosa ferramenta, mas deve ser MESMO uma busca individual.

Outro dia em um seminário, um dos meus alunos disse que era fácil eu falar em gratidão, tendo a vida que tenho e na hora pensei: “A vida que tenho!?” Fácil MESMO é ele achar que sabe a vida que realmente tenho, pois a maioria das pessoas conseguem ver os livros que escrevo, mas não vêem as horas que estou sentando a escrever. Enxergam-me no palco a falar para 500/800 pessoas, mas não sabem o trabalho que eu e a minha equipa temos para colocar todas aquelas pessoas ali. Elas vêem o meu sorriso, a minha maior motivação, mas nunca viram as minhas lágrimas, vêem apenas os momentos em que eu estou em pé e não acompanham as minhas quedas, enxergam apenas o que querem enxergar. Rs

O facto é que estou em constante luta com as minhas sombras, estou sempre mergulhado nos meus ajustes e aproveito todas as oportunidades que chegam até mim para evoluir e isso é mesmo um processo mágico para mim. Acredito imensamente em cada processo que mergulho, acredito no “acreditar” e isso faz dos meus dias, dias muito bons e construo dias melhores.

Limpe a janela da mente! Olhe além da sujeira mental, coloque realidade nos seus olhos, respire fundo e enfrente os seus maiores medos, olhe nos olhos dele e tenha coragem para dizer: BASTA! E pode ser que depois disso ande um pouco sem rumo e que os seus pensamentos se percam, mas lembre-se que logo irá voltar a olhar por aquela janela e quando olhar, ela estará limpa!

Tenha consciência que tem todos os recursos internos para se superar, para alcançar, para melhorar e quando despertar esta consciência, respire fundo e continue… Pode parar e descansar, mas assim que se recuperar, continue a andar e “pelo caminho” faça acontecer.

Tenha um dia iluminado, lindo, claro, limpo e cheio de amor.